Seria mais fácil fazer uma espécie de resenha da obra. Porém, temo que o enredo perderia seu encanto se tentasse ser explicado de uma forma linear. Decidi, então, apenas lançar alguns trechos que - por um motivo ou outro - chamaram a minha atenção.
“...de cada país eu levo assim uma graça, um suvenir volátil” (p. 7).
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“Viajei 30 horas com o pensamento em branco” (p. 22).
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“...estava atento a cada reticência, a cada hesitação, à frase interrompida, à palavra partida ao meio como fruta que eu pudesse espiar por dentro” (p. 35).
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“Zelosa dos meus escritos, só ela os sabia ler, mirando-se no espelho, e de noite apagava o que de dia fora escrito, para que eu jamais cessasse de escrever meu livro nela” (p. 40).
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“Palavras recém-escritas, com a mesma rapidez com que haviam sido escritas, iam deixando de me pertencer” (p. 40).
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“Branca, branca, branca, eu dizia, bela, bela, bela, era pobre o meu vocabulário” (p. 45).
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“Mas duas pessoas não se equilibram muito tempo lado a lado, cada qual com o seu silêncio; um dos silêncios acaba sugando o outro, e foi quando me voltei para ela, que de mim não se apercebia. Segui observando seu silêncio, decerto mais profundo do que o meu, e de algum modo mais silencioso. E assim permanecemos outra meia hora, ela dentro de si e eu imerso no silêncio dela, tentando ler seus pensamentos depressa, antes que viessem palavras húngaras” (p. 61).
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“...seus olhos fugiram do assunto” (p. 65).
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“...minha cabeça já alçava vôo, meus pensamentos vinham em verso” (p. 165).
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Um aviso necessário aos navegantes, leitores e cinéfilos: leiam o livro primeiro. O filme (vide imagem acima) é muito bem produzido, os atores são ótimos, mas tem coisas que só a leitura atenta não deixa escapar. E, às vezes, nem ela...
Ah, antes que me esqueça: com esse filme aprendi que "Feijoada completa" em húngaro é algo deveras exótico. E também que escritores sempre podem vir a ser surpreendidos pelos fãs mais inusitados...
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